Diferenças do Café Colonial para o Café Quebra Torto
Enquanto o Café Colonial é uma refeição típica das cidades de origem alemã do Rio Grande do Sul, como Gramado, Canela, Nova Petrópolis, Igrejinha e Santa Cruz do Sul, bem como da maioria das cidades catarinenses e de algumas cidades do Paraná, o Café Quebra Torto é uma refeição típica do Pantanal Mato-Grossense. Enquanto uma é servida de madrugada, entre 4 e 5 horas da manhã, quando os peões acordam para enfrentar um dia duro de trabalho, a outra é servida sem finalidade exclusiva de ser um café da manhã, podendo, ao contrário, ser degustado a qualquer momento do dia e até mesmo à noite em algumas localidades.
Uma coisa a gente não pode deixar de comentar: existe algo em comum entre as duas refeições que temos que concordar: as duas, tanto para estes, quanto para aqueles, davam as condições necessárias para o trabalhador realizar os seus afazeres diários ao enfrentar um dia longo e duro de trabalho.
Porque não falar aqui do Café Quebra Torto? Só por que vamos preparar o Café Colonial? Afinal os dois dizem respeito a todos nós enquanto estudantes de Gastronomia. Então vamos falar.
Café quebra-torto: A primeira refeição do Pantanal
Não há quem passe pelo Pantanal Mato-grossense e não encontre logo cedinho uma mesa farta. É o café quebra-torto, primeira refeição do dia, composta por ingredientes que seriam mais comuns no almoço em outros locais.
Mas ali, especialmente nas fazendas pantaneiras, é comida da madrugada, servida entre 4 e 5 horas da manhã, quando a peonada parte para a lida no campo, sem hora certa pra voltar. Arroz carreteiro, ovos, mandioca, farofa, acompanhados de leite com açúcar queimado, café, caldo de cana ou algum suco de fruta fazem parte do quebra-torto.
Nos hotéis e pousadas, é servido mais tarde, das 8 às 10 horas, com mais requinte e maior variedade de comida e bebida.
Na verdade, pode fazer parte do quebra-torto toda a culinária mato-grossense: arroz carreteiro, mandioca, ovos fritos, farofa, biscoitos doces, bolo de fubá, bolo de mandioca, picadinho de miúdos, carne com banana verde, bacon, peixe frito, jacuba, revirados, linguiças, furrundu (doce de mamão com rapadura), e também sopa paraguaia (uma espécie de quiche de queijo). Mas o que não pode mesmo faltar é o arroz carreteiro, acompanhado de ovos fritos e farofa.
Um pouco da história
Em 1864 a 1870 o Brasil, Uruguai e Argentina entraram em Guerra contra o Paraguai, foram suspensas as navegações pelos rios Paraguai, Cuiabá e Paraná. Sem condições de adquirir alimentos e produtos de fora, os cuiabanos tiveram que consumir somente o que cultivavam. O arroz era produzido às margens do Rio Cuiabá e se criava gado. Desse isolamento surgiram alguns pratos típicos da região, como a carne com arroz, denominada ‘Maria Izabel’, e a carne com banana verde, o furrundú e outras iguarias. Ou seja, o cuiabano utilizou dos insumos que possuía para formar sua gastronomia.
Algumas Curiosidades
1) O arroz carreteiro. A origem do arroz carreteiro vem das comitivas boiadeiras, quando se transportava o rebanho através das estradas ainda de chão batido. Como não se podia congelar a comida, o charque era levado no lombo de animais em baús (broacas) e se tornou fundamental na tradição culinária do Pantanal.
2) Você sabe o que é a Sopa Paraguaia?
Apesar do nome, ela é uma espécie de quiche de queijo. Sopa porque esta era a intenção inicial, porém foi esquecida no fogo até que secou todo o liquido tomando a textura de bolo.
3) Você sabe o que é o Tereré?
A origem do tereré data da invasão europeia por castelhanos e portugueses, quando era usado pelas tribos guarani, nhandeva, kaiowá e outra etnias chaquenhas, muito antes da Guerra do Paraguai e da Guerra do Chaco (entre Paraguai e Bolívia, 1932-1935), quando as tropas começaram a beber mate frio para não acender fogos que denunciariam sua posição, isso possivelmente na região de Ponta Porã ( Mato Grosso do Sul ), que na época pertencia ao Paraguai. O tereré é um chá gelado, feito com folhas da erva-mate moída grosseiramente, árvore característica do centro-oeste do Brasil. É bebido em guampos, típico copo comprido, feito de chifre de boi, com uma das extremidades lacradas com madeira ou couro de boi e seu exterior revestido por verniz, e uma bomba que é utilizada para filtrar a infusão do tereré, para que não se absorva o pó da erva triturada. Feita normalmente de alumino, nunca deve ser feita de ferro por causa da oxidação, que altera o sabor. A bebida é tomada a qualquer momento, mas especialmente ao fim da tarde em rodas de conversas entre peões pantaneiros , amigos ou famílias. O mesmo foi adotado como tradição cultural do Paraná e do Paraguai, porém o hábito de tomá-lo não tem fronteiras.
4) Porque Quebra Torto?
Os vaqueiros dormiam em redes, a noite era longa e às vezes aquela posição incomodava. Quando acordavam e "pulavam" da rede sentiam o corpo dobrado, quebrado. E eles diziam: "vamos tomar o café do quebra torto".
Fonte: Blog Comitiva Gastronômica Link: www.comitivagastronomica.wordpress.com/cafe-quebra-torto/
Acesso: 31/10/2017 às 21:20h
Fonte: Site Xapuri Ambiental
Link: https://www.xapuri.info/gastronomia/cafe-quebra-torto-a-primeira-refeicao-do-pantanal/
Acesso: 31/10/2017 às 21:52h